Império dos Moinhos

Já cheirava a Verão, mas costumava fazer frio à noite. A barraca era feita com a ajuda de uma barreira de terra que parecia estar lá de propósito. O bazar era lá ao fundo, numa garagem como todas as outras. Era o império mais pequeno de todos.
Na altura, nem percebia porque se fazia aquela festa, contudo, parecia-me diferente: era uma festa da freguesia sem ser na freguesia! Estranho caso aquele.
Acabava sempre mais cedo do que as outras festas, pois o dia seguinte era dia de trabalho e o aconchego de casa ficava mais longe, ainda para mais com as peripécias de uma subida do arrebentão sujeita a objectos voadores a baixa altitude. Eram as "louvadas" que caíam sem avisar, aptas a deixar qualquer um inconsciente ou, caso não acertassem no alvo, capazes de transformar um simples ser vagaroso num velocista que subiria o arrebentão em dez segundos.
Este ano volta a não haver Império dos Moinhos.
Faz falta!

ps. em conversa informal, fui desafiando um ou outro habitante da zona a reunir esforços de novo e todos ficaram com um brilhozinho nos olhos. Pareceu-me que faltava pouco. Falta alguém que os mobilize e que apele às origens.

Comentários

JASRAPOSO disse…
Falar no Império dos Moinhos é falar do José Viana. Falar do José Viana é falar da minha meninice.

Nasci e vivi até aos 18 anos na Canada da Gentes, em frente à casa do mestre António Sapateiro.

Foi na tenda do mestre António que conheci o José Viana a aprender a arte de sapateiro. Como se recordam os mais velhos, o José Viana era deficiente de uma perna, apesar disso todos os dias vinha dos Moinhos para a Canada das Gentes.

Era um exemplo de boa educação e sentido de humor com os muitos fregueses que iam ao sapateiro. Naquela altura a profissão de sapateiro era muito importante. No Porto Formoso haviam três.

O José Viana era o eterno Mordomo do Império dos Moinhos e, com a sua morte, tudo acabou.

Hoje, devido à falta de população que regista naquela zona da freguesia, torna-se quase impossivel reeditar aquele Império. Resta-nos a recordação do trabalho desenvolvido pelo José Viana e das muitas senhoras que coziam massa para arrematar de modo a conseguirem mais uns troquinhos para fazer face às despesas das festas.

Hoje os Moinhos são uma zona turistica habitada por uma população flutuante que nada ter a haver com o antigamente.

O progresso dirão alguns....
cantoneiro 2 disse…
Sr José Raposo grandes verdades é pena que poucos reconhecem
Silva disse…
Meu caro Regedor, é com muito agrado que registo o seu incentivo, sendo mais uma ano que não se faz o Império do Espiríto Santo dos Moinhos, claro, dado ao numero de habitantes, que aquê-lo pitoresco, lugar denominado Moinhos , como deves entender sem haver quem dinamize e ajude, não é facil. Houje por mais pequena que seja a festa, são muitas centenas de Euros, nada facil, para meia duzia de residentes fixos, já que os sasonais nada lhes diz, até pelo contrário, quando havia festas sentiam-se encomodados. Não é por falta de mordome vitaliço ou não, pois quem muito bem podia ajudar de forma a que, não se perca tradições sèculares, seria o Gabinete da Cultura da Comarca deste concelho.
Pois quanto as louvadas, não sei se eram na altura das festas provalmente nas Domingas, era mais uma parte de siumes, claro da joventude, em razão ás moçoulas, claro se o Regedor apanhou, já o seu pai e seus avós,provalmente foram vítimas de tal brincadeira! embora de mau gosto, mas veja que tambem os que vinham de S. Braz e Maia, os dos Calços faziam o mesmo no Pico de São Braz. Coisas da Juventude. Claro tempos já á muito passados, que provavalmente não se irão repetir.
Um abraço do Silva
O Regedor disse…
Caro blogger Silva,

tocou no ponto importante: há poucas pessoas a viver em permanência nos Moinhos, logo, para reavivar o império seriam necessárias mais pessoas!

A solução pode passar por recrutar pessoas que já não vivem nos Moinhos/Ribeira Seca/Vale Formoso, mas que são de lá e outras pessoas (que sei existirem) que não são de lá, não vivem lá, no entanto, gostam da zona e poderiam dar uma grande ajuda!

Também seria prudente diminuir o número de domingas caso não haja candidatos. Que mal tem!

Faça-se a Festa!
JASRAPOSO disse…
Raro é o dia em que não se noticia a falta de água em muitas freguesias da Região Autónoma dos Açores. Não ligamos patavina a este tipo de notícias porque vivemos numa localidade onde, Graças a Deus, há água com fartura.

A nossa freguesia possui nascentes de água com elevada qualidade que não só abastecem o Porto Formoso, como também as populações vizinhas.

No ano passado as viaturas dos bombeiros voluntários transportaram diariamente cerca de 250.000 litos de água, POR DIA, do Porto Formoso para a Lomba da Maia.

A par disso, a Câmara Municipal da Ribeira Grande construíu em 2006 mais um reservatório de recepção de água no Porto Formoso que abastece, através de contutas, as localidades de S. Braz, Gorreana, Maia e Lombinha da Maia.

Ainda assim há água com abundância a correr para as ribeiras.

A ÁGUA - UM BEM PRECIOSO QUE NÃO SABEMOS ESTIMAR PORQUE BROTA EM ABUNDÂNCIA NO PORTO FORMOSO.

Oxalá continue sempre assim...
Melo disse…
Coisa curiosa encontrar aqui uma referência ao império dos moinhos do Porto Formoso. Recordo-me , também deste império com simpatia. e sabe por quê, meu caro regedor,: Tocava, puto que era, na filarmónica Minerva dos Ginetes que todos os anos fazia o acompanhamento deste império. Era a saída mais longe. Mas todos os anos era sagrado, império dos moinhos. O pior era o regresso: sim que do Porto Formoso aos Ginetes era o cabo dos trabalhos e, no outro dia, os professores do Liceu não queriam saber do império dos moinhos. Recordo-me que, todos os anos era a mesma discussão na sede da filarmónica, por que raio fazer este serviço para tão longe, se não faltava serviços ao redor da freguesia. Nada feito, aquele serviço era sagrado. Todos os anos. Ainda hoje não sei qual a ligação do mordomo à Banda dos Ginetes. Mas que devia ser forte lá isso devia. E era um serviço diferente, um lugar diferente, um passeio especial. Deixei, ainda puto, a filarmónica, mas o império dos moinhos nunca mais esqueci. Coisas da adolescência. Como vê meu caro regedor, aqui está mais um fã do império dos moinhos.
Tiago Melo
Jabf disse…
O Império dos Moinhos

Quando se tem a idade em que os dígitos mais parecem a tradução matemática da palavra "criança" os dias passam como nada se passasse.
O Império dos Moinhos sempre teve o seu "aroma" especial. Era o ultimo Imperio da freguesia, era o mais distante em relação ao centro da freguesia... era aquele Imperio, sinónimo de feriado numa quinta-feira santa. Ir a pé até ele, naquela quinta-feira, era um ritual que pertencia à propria festa.
A saudade destes tempos cruza-se com a minha memória a uma velocidade identica. É bonito lembrar momentos que nos fazem gostar de termos sido realmente crianças.
Para quem seja criança, na verdadeira acepção da palavra, esse género de eventos fazem faltam. Um bebé faz birra para irmos à festa buscar um bombom para ele. Um criança faz dos bombons a birra, para ir divertir-se com festa...isso e as barracas são o verdadeiro tempero das festas.

Um Abraço.
deus2deus disse…
Por falar em imperios o império do Outeiro vai ter dificuldades de dinheiro devido a não ter o sr. Artur Moniz a patrocinar a festa.
Vamos a ver como se aguentam. Espero que tudo corra bem senão ficamos só com um imperio.

Adeus
JASRAPOSO disse…
Assim era o Império dos Calços.

Falar no antigo império dos Calços é trazer à memoria três figuras já desaparecidas - O Humberto Viana, o tio João Custódio e o mestre João Teixeira.

Os peditórios eram feitos com cantadores de fora da terra que de casa em casa lá iam debitando as suas quadras de modo a ver se conseguiam o melhor frango da capoeira. No dia anterior à festa era costume também haver cantigas ao desafio no granel do sr. António Lima Raposo. É pena que se tenha perdido o costume de mandar vir cantadores e os tenham substituido por conjuntos de música ruidosa que incomodam toda a gente.
O melhor que as festas têm actualmente são as suas sopas que permitem um são convívio entre as pessoas.
certo disse…
Não obstante a força que se vai perdendo dos impérios (não esquecendo o São João que tem melhorado nos últimos anos -olhando aos ultimos 15) outras forças vivas da freguesia dão os seus frutos. O Grupo de Idosos do Porto Formoso (de cariz religioso, não nos esqueçamos que a inoperância da actual casa do povo faz com que este grupo não possa ter financiamento público (porque não está reconhecido pelas entidades competentes)) levou a cabo a comemoração do seu primeiro aniversário. Conseguiram sentar à mesma mesa o pároco e o Presidente da Câmara municipal. Algo de muito positivo se considerarmos que foi possível dialogar com as entidades e com o POVO acerca de alguns problemas reais que atingem este grupo vulnerável. Atrevo-me, mais uma vez, a divagar e hiperbolizar algumas reais necessidades/vontades/direitos deste grupo de pessoas que independentemente de estarem ou não associados merecem a atenção de todos:
- Um local (físico) onde se possam juntar e estar com tranquilidade e acesso,ou seja, uma sala de convívio, uma pequena marquise um WC (com as devidas adaptações para pessoas com problemas auditivos, visuais e de locomoção). Um centro de convivio. Ficou prometido um financiamento para poder ter este espaço no centro multiusos;
- Colocação de lombas para os irresponsáveis que andam a alta velocidade na estrada (não me refiro a lombas para os carros é mesmo para as bestas...)(ou não fossem as crianças e os jovens os que mais estão em perigo);
- Uma intervenção de cariz mais preventivo por parte das autoridades de saúde (neste caso o Centro de Saúde da Ribeira Grande) que teima em não conseguir ser inovador no Porto Formoso) Às vezes pergunto-me se ainda continuam (continuam... a sociedade micaelense - a achar que o porto formoso é a terra de droga dos anos 80... porque não percebo este desdém...);
- ....
Caros cidadãos deste mundo ocidental, OS VELHOS são dentro de 15 a 20 anos 2 em cada 3 europeus por isso conveçamo-nos de que eles a que darão os votos e serão os consumidores do trabalho dos adultos.

Para quem é do grupo de idosos, um recado com a maior consideração pelo seu trabalho, tomara eu ser velho e saber que três dias da semana poderia estar com outros como eu, no entanto, com a vontade de que não estivesse num nicho de enredos... Mas, em contrapartida, ainda bem que haveriam enredos porque seria um sinal bem claro da vivacidade que ainda corre nas veias desta muito boa gente com um grande estudo, a faculdade da vida!
JAGPacheco disse…
As memórias de infância do Regedor, partilhadas por de muitos de nós, despertam-nos para o carinho que sempre existiu por grande parte do povo do Porto Formoso para com o “ Império dos Moinhos”.
É sempre com muita pena que se assiste ao fim destas bonitas tradições como é o caso do “Império dos Moinhos”, do “Império de São Pedro” na Canada Nova ou do “Império das Crianças” no Coucinho.
A falta de população residente e do saudoso José Viana, entre outros factores estão associados a este final.
No entanto acho sociologicamente mais provável, surgir um novo “Império” nos bairros novos (rua de N. Sr. da Graça) do que a reactivação destes outros
Este fenómeno aconteceu na Terceira após sismo de oitenta, onde os habitantes dos novos bairros criaram os seus “Impérios” como forma de se organizarem socialmente, de manifestação de fé e afirmação colectiva. E assim, também surgido Impérios em todo o mundo, onde vivem emigrantes dos Açores.

No Porto Formoso, até á bem pouco tempo, existiam grandes rivalidades entre os Impérios e a principal preocupação dos Mordomos (Sócios) era a apresentação das contas. Uma preocupação legítima, estas organizações tem de ser transparentes. Mas o dinheiro era sempre acumulado para o ano seguinte e nunca canalizado para a solidariedade com os mais idosos e desfavorecidos, como se assistia em outras ilhas nos “bodos”, nas “sopas” ou através da partilha do pão, da massa e da carne.

Nos últimos anos os “Impérios” do Porto Formoso felizmente têm bebido o espírito da solidariedade, própria das festas do Divino Espírito Santo, um bem-haja a todos aqueles que trabalham para manter e melhorar estas tradições.
virafoto disse…
São memórias de muitos de nós, de crianças e de adultos, são memórias que não são voláteis só estão adormecidas com o tempo depois voltam com muitas saudades, para quem já se esqueceu, o primeiro Império que eu me lembro, foi" que eu não sei se era de S. João,S. Pedro ou Stº.António,"mas sim, sei que era feito no adro da igreja, e mais tarde por traz da capela da Senhora da Graça, talvez seja o mais antigo, desta freguesia, e pelos vistos, o seu destino ficou a dever-se ao aparecimento dos seus mais próximos irmãos, dando origem às tais rivalidades, contribuindo para o seu enfraquecimento e o total abandono. Quanto ao aparecer novos Impérios, sim é uma cultura enraizada em nós nos Açores, que não se sabe de onde veio, nem como começou, sabe-se que é feito no Continente, Açores, Nova Imglaterra e Brasil, não é difícil adivinhar, como foi parar aos outros continentes, e por lá continua, supo-se que a origem é mesmo do Continente Português trazida, na altura do seu povoamento, que vingou em todas as Ilhas dos Açores, e assim deve continuar.
JASRAPOSO disse…
De acordo com a imprensa regional, a Câmara de Ribeira Grande levou a efeito a semana passada, no Teatro Ribeiragrandense, uma sessão de esclarecimento sobre o novo plano director para o Concelho.

Seguir-se-ão mais duas sessões, uma na Maia e outra em Rabo de Peixe.

Por estas notícia chega-se à conclusão que as outras freguesias não serão ouvidas e teremos de gramar o que nos quizerem impôr.

Esperemos que a nossa junta de freguesia tenha acesso a este documento e saiba fazer valer os interesses da nossa terra.

Aguardamos para ver.
Filipe Tavares disse…
Os interesses do povo do Porto Formoso devem ser discutidos em Assembleia de freguesia, para que o Sr. Presidente Emanuel Faria possa estár a par dos mesmos e salvaguardar que serão respeitados na revisão do PDM do Comcelho de Ribeira Grande! Por outro lado o Sr. Emanuel Faria tem um bom contacto com os habitantes da Freguesia, mas isso não inviabiliza uma discussão pública, tratando-se de um interesse comum a todos.

É de esperear que a freguesia tenha defenidas as zonas de construção e zonas verdes entre outras. O PDM é um documento bastante esclarecedor e rigoroso no que toca a intervenções em toda a area do Concelho.
Unknown disse…
Tanto se falou, tanto se barafustou para agora as coisas cairem no esquecimento e virar a cara para o lado é o melhor q s faz, para não ver o que está à frente dos olhos!

Já era de esperar que o pessoal dessa freguesia deixasse morrer as coisas... Aliás foi preciso virem os de fora para mexer em alguma coisa...

A época balnear começa dentro de menos de 3 semanas e a podridão que está patente na praia é acessivel para q todos a queiram ver de perto...

Um esgoto a céu aberto, é o que parece a saida da ribeira, outrora recortada na natureza por si mesma...

Escadas em cimento, quando se derrubou umas escadas lindissimas com dezenas de anos... Façam-me um favor...

Sanitários e afins, quando no inicio da época balnear o bar existente naquele local, vai ter não só de deixar usar as suas casas de banho como deixar guardar todo o material de apoio à praia...

Obras que não vão estar concluidas a tempo, e que para não perder tempo, se fazem à pressa antevendo uma inauguração apertada e com mt para concluir, desejando os frequentadores da praia que tais acabemntos não caiam no esquecimento...

É preciso ter LATA!
É preciso não ter vergonha na cara!
Edição de quinta-feira, 21 de Maio de 2009
Edição impressa - Açoriano Oriental

Petição “SOSPorto Formoso” no Parlamento
O gabinete do presidente do Assembleia Legislativa Regional dos Açores revelou ontem que a petição “SOS Porto Formoso” deu entrada no Parlamento.
A petição baixou agora à Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho para emissão de parecer.
Em causa está o projecto de requalificação da Praia dos Moinhos, da autoria da Câmara Municipal da Ribeira Grande, que os cerca de 630 subscritores da petição gostariam de ver realizado de outra forma.
Filipe Tavares é o primeiro subscritor da petição.||
jam
Quero falar sobre o Império dos Moinhos,em primeiro lugar o Império, nunca foi feito numa garagem.Era feito numa casinha de madeira que era montada para o efeito ,e era forrada com colchas brancas por exemplo, tinha anos que o Império era feito na ribeira seca outros no val formoso e nos moinhos.Agora a que há uma casa feita em blocos no val formoso.

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