Matança do porco


(Da esquerda para a direita: Mestre António Sapateiro, Tio Manuel Antão, Carlinhos Teixeira, Tio Manelinho da Ponte, Tio Manuel Claudino - matador de serviço, Mestre Artur Ribeirinha, Manuel Percianinho, Tio João Bloto, José da Ponte Raposo) - Matança tradicional por volta do ano de 1973

O dia da matança do porco era um dia especial. Começava cedo e acabava muito tarde.
Trazer o porco para o "banco" era uma aventura, depois de bem seguro surgia a facada e o sangue jorrava para o alguidar. Havia uma mão cheia de rituais nesse dia.
O que mais gostava era o ritual das "sopas". Depois de os homens terem feito o seu trabalho, ao toque dos "calzinhos", são convidados a irem para a mesa comer a tradicional sopa de cozido. Couves, batata, batata doce, repolho, feijão, cenoura, carne de galinha, carne de vaca, toucinho, chouriço, morcela, pão... os pratos ficam a deitar fumo e os copos cheios de vinho de cheiro. Todos contavam histórias de outras matanças, histórias de grandes feitos ou de grandes desfeitos. A comida não parava de chegar à mesa e rumar aos pratos e as histórias continuavam... até hoje.

Comentários

deus2 disse…
Estão nesta fotografia quase todas as personagens das matanças dos Calços.

Falta o Mané Jesuína é verdade.

Estou sem tempo para comentar esta fotografia mas vou comentar amanhã ou depois.

Adeus
O Regedor disse…
Caro james dean,

no Porto Formoso são as sopas o prato tradicional, mas quanto ao vinho, tem razão, era de cheiro e já rectifiquei.

Infelizmente a matança do porco é uma tradição que se vai perdendo. Penso que a última vez que fui a uma destas "cerimónias" foi à uns 9 anos, mas ainda há algumas pessoas que criam e matam os seus porcos em casa.

Uma outra questão é a legalidade disto tudo... parece é proibido matar porcos ou vacas em casa, o que, a ser verdade, é mais uma facada na tradição.

Cumprimentos
Sandra disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
JASRAPOSO disse…
Os pequenos ou grandes acontecimentos fornecem estímulos que somos obrigados a meditar, mesmo que não queiramos.

Um dos melhores métodos para conhecer um povo é estudar a sua história.

Ora, o post sobre a matança do porco faz-nos recuar a um tempo de muitas dificuldades económicas, mas também de uma grande riquesa no que concerne ao convívio entre as pessoas.

O convívio entre as pessoas era feito por métodos naturais e não por via científica. O estudo dava lugar à contatação, a verdade ao positivo e a falsidade ao negativo.

À vida agitada de hoje contrapunha-se o saber dar tempo ao tempo. Havia tempo para falar e tempo para escutar.

Hoje as pessoas já não conseguem escutar-se a si próprias e criam barreiras entre si, adoptando uma atitude defensiva que acaba por transmitir às gerações mais novas o egoísmo e a solidão.

Acabamos por não nos conhecermos uns aos outros, porque não somos capazes de juntos metermos ombros à mesma obra.

Façamos alguma coisa em conjunto - Uma comunidade de trabalho é o melhor instrumento do conhecimento mútuo.
JAGPacheco disse…
Os ditados populares “Pelo São Martinho mata o teu porco e prova o teu vinho” e “Todos os porcos tem o seu Natal” definem bem a época do ano em que se realizavam as matanças.
A matança do porco estava associada ao ciclo das colheitas agrícolas, a engorda era feita á custa dos “bogangos” e de “rabiças” das batatas-doces. Terminadas as colheitas, um bom “secadouro” de milho e um porco com bom toucinho era garantia de pão e conduto para o resto do Inverno. Por isso motivo de festa e alegria.
Com o desaparecimento da cultura do trigo e consequentemente das “palhas” o chamuscar do porco, passou a ser feito com maçarico a gaz butano. No entanto episódios “violentos”, de porco com faca espetada a dar a volta ao quintal antes de regressar ao banco, eram recorrentes, sem que esta técnica de matança tenha sofrido qualquer evolução.
Como diz o Regedor são rituais que se vão perdendo no tempo. As arcas congeladoras permitem matar e conservar um porco em pleno verão. Mas só na época própria se pode enfeitar o toucinho, com flores e pétalas de Camélia ou “Rosas do Japão”, como acontece na fotografia do Post.

Saudações Formosas
deus2 disse…
Esta fotografia mexe com toda a gente que já teve matanças em casa.
As pessoas da fotografia não estão a rir mas vê-se que estão bem felizes e que está a haver um grande convívio. Concordo com o gnussen...coitado de quem nunca foi uma matança não sabe o que perdeu. Grandes conversas, grandes calores, espírito de ajuda, desenrascar problemas........

Como diz o jasraposo hoje as pessoas já não passam muito tempo juntas e o Porto Formoso está feito numa freguesia que é só chegar a casa e dormir, já ninguém está num grupo de pessoas num convívio. Até as festas do Espírito Santo e Senhora da Graça têm pouca gente.

A matança é mais uma dessas coisas que está a desaparecer... qualquer dia já ninguém se conhece.

Ainda há matanças mas agora já não são só no Outono como diz o jagpacheco, são todo o ano por causa das arcas frigoríficas mas vai chegar o dia em que já não se vão ouvir porcos a guinchar.
O problema não são os porcos que eu nem gosto de carne de porco, o problema é que acaba o DIA da matança.


Ps. vi outra vez gente a por lixo para o salgueirão.

adeus
deus2 disse…
caro petra33,

tem razão não existem favelas em Rabo de Peixe porque só há favelas é no Brasil. Cá chama-se Caranguejo, mas é só o nome que muda.
O resto é igual: droga, álcool, violência doméstica, maus tratos às crianças, abandono escolar, ladroagem e mais e mais.
JASRAPOSO disse…
As exigências que a nossa sociedade faz aos padres são verdadeiramente comprometedoras e absorventes, esquecendo-se que para seguir aquela vocação os mesmos tiveram que renunciar a muitas coisas belas como o conforto e o comodismo.

Não basta escutar confiadamente a Palavra ao Domingo, é também necessário o empenhamento na defesa daqueles que dedicam a sua vida na defesa da doutrina Cristã.

Na comunidade cristã, o dever da correcção compete a todos os crentes; ninguém pode considerar-se exonerado da responsabilidade com o irmão caído em pecado.

Só pode pedir perdão quem está disposto a perdoar.

Antes de emitirmos qualquer juízo público sobre a actuação do padre no campo teológico, bom seria que fizessemos uma análise sobre o nosso comportamento enquanto Servos.

É tempo de Páscoa, é tempo de perdão...
JASRAPOSO disse…
Em 2004 uma cidadã americana perdeu uma bolsa de cabedal na ilha de Cozumel, na Costa Leste do México.

Esta bolsa percorreu, via marítima, mais de 10.000Kms e foi encontrada por um pescador no Porto Formoso.

A referida bolsa continha dinheiro, fotografias, cartões de crédito e outros documentos.

Numa atitude louvavel, o referido pescador entregou aquela bolsa na Polícia de Segurança Pública, que por sua vez a encaminhou para o Consulado dos Estados Unidos em Ponta Delgada.

Aqui fica o registo de mais um acontecimento POSITIVO ocorrido no Porto Formoso, no final do mês passado.
deus2 disse…
Concordo com o que foi dito sobre a Canada Nova.

Caro águia, acho que a junta de Freguesia devia por a Canada Nova a passar carros num sentido só. Mas penso que só isto não resolve nada, as pessoas é que têm de saber por os carros ao pé do campo de futebol e não tapar a Canada.

Adeus
JASRAPOSO disse…
Sobre a questão do trânsito convém lembrar o PLano de Actividades da Junta de Freguesia para 2006 sobre essa matéria:

- Aquisição de terreno na zona dos Calços para construção de parque de estacionamento
- Colocação de sinais de trânsito.
Segundo me informaram a posição da Junta de Freguesia já foi ratificada pela Câmara Municipal que se comprometeu a colocar os sinais no Porto Formoso.
JASRAPOSO disse…
Informou-nos o SONO1 que há hoje uma reunião de jovens na freguesia da Maia. É com satisfação que se regista a presença de jovens do Porto Formoso.

Entre outros, estes encontros servem para orar e partilhar experiências.

Rezar em conjunto fortalece a união entre as pessoas, contribuindo para que haja mais solidariedade entre os povos.

Muitos dos participantes deverão regressar a casa com uma alma mais nova.

Seria interessante que algum deles soubesse partilhar esta sua experiência com os leitores deste blog.

Espero que não se sintam envergonhados a declararem aquilo em que acreditam.

Vivemos numa sociedade aberta, pelo que as pessoas não se podem pôr à margem daquilo que acreditam.

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